Pobreza franciscana e a saída pela porta pequena

Mau, mesmo muito mau. Foi assim o futebol apresentado pelo Sporting, numa noite que tinha tudo para ser bem diferente. O adversário apesar de não ser fraco, não era também o mais difícil. Se juntarmos a isto o factor casa, o Sporting podia e deveria ter ganho o jogo em casa que garantiria o quarto posto independentemente do resultado do Guimarães em Vila do Conde. Mas não foi assim.
O Sporting apresentou-se tolhido, como que a demonstrar demasiado respeito pelo adversário, fruto também da estratégia montada por Carvalhal, que no mínimo deveria apresentar em minha modesta opinião uma táctica bem mais arrojada que a que foi apresentada.
O resto, foi o que se viu. Fazendo-nos lembrar um passado bem recente o futebol demonstrado foi mais que sofrível sem fio de jogo sem espírito de sacrifício, sem alma. Resumindo: Mau.
E nestas alturas que se vê o trabalho do treinador, é nestas alturas em que o trabalho (difícil é certo) de motivar uma equipa é demasiado importante, e neste campo, Carvalhal (infelizmente) voltou a falhar.
Mas mais estranho, é ter sido Carvalhal a génese de mais um "abalo" na já de si frágil estrutura, que é a equipa Leonina da presente época,"abalos" esses que o próprio CC tanto se queixou...
Senão vejamos as declarações de antevisão ao jogo:

"Fui convidado a ficar no Sporting, no final do mês de Janeiro, antes do jogo com o Sp. Braga. Foi-me feito um convite formal pelo presidente, na presença de várias pessoas. Na altura, disse que era prematuro. E, no meu íntimo, não queria ficar no Sporting a qualquer custo. Se quisesse aproveitar a situação, teria um vínculo ao Sporting"

"O presidente assumiu que tinha um plano de contingência. O espaço que medeia o meu convite e esse plano é curto, mas isso é a imagem do futebol português. Em três semanas mudam muitas coisas"

"...mas no que diz respeito a um sentimento de solidariedade, de apoio constante, de defesa do treinador, senti-me muito sozinho ao longo de toda a época"

"Está a terminar o meu vínculo com o Sporting, quero sair com a imagem que sempre deixei. Há quem me acuse de ser politicamente correcto, mas não faço esforço para o parecer, sou genuíno. No meu conceito de liderança não preciso de estar a gritar com as pessoas. Tenho a noção que não entrei pela porta principal, mas vou sair de certeza."

Num breve resumo, para quê então (e permitam-me a expressão) o choradinho da recompensa por causa do trabalho desenvolvido? Não teve o convite? Se recusou, estava há espera que JEB depois da nega ao convite, ficasse eternamente há espera de uma resposta positiva da sua parte, quando o Sporting tinha para todos os efeitos estar a planear no imediato a próxima época? Estava há espera que JEB o voltasse a convidar vendo o Sporting distanciar-se todas as semanas da frente do campeonato e sofrendo goleadas dos rivais?
É verdade que a espaços o Sporting pareceu renascer das cinzas, mas basta olhar para a classificação e agradecer o empate do Guimarães e podemos avaliar o salto qualitativo...
CC desiludiu-me. Quando aceitou o convite para treinar o Sporting, sabia dos riscos. O Sporting não é o Setúbal, não tem que dar gozo, mas sim dar um sentimento de grande honra em poder treinar tal ilustre instituição que é o Sporting.
Mais. Discordo de CC quando diz que se sentiu sozinho. CC não estava sozinho, estava sim perdido num mundo de Shreks e tiros aos balões. Provou não ter estofo para treinar o Sporting e a porta da saída era inevitável. Queria sair pela porta grande de Alvalade, mas depois desta derrota caseira e tais afirmações só posso dizer isto: Carlos, sais sem honra nem glória.